O programa de A.A. não é religioso, mas espiritual

Box 4-5-9, Ago. Set. (pág. 4-5) Título original: “El programa de A.A. no es religioso sino espiritual”.

De vez em quando chegam cartas ao Escritório de Serviços Gerais – ESG, pedindo esclarecimentos a respeito do enunciado onde diz que A.A. não esta afiliada a nenhuma seita ou denominação religiosa. Se for assim, perguntam, “Por que aparece a palavra ‘Deus’ nos nossos Passos e Tradições? E, porque se encerram muitas reuniões rezando o Pai Nosso ou a Oração da Serenidade?”. Nosso cofundador Bill W. dizia clara e frequentemente que seria uma imprudência nos associar a alguma religião em particular. Ele sustentava que a Irmandade tinha utilidade universal e está baseada em princípios espirituais que podem ser aceitos por membros de qualquer religião. No livro A.A. Atinge a Maioridade,Bill conta a história do monge budista que, depois de ler os Passos, disse: “São excelentes! Mas, uma vez que nós os budistas não concebemos ‘Deus’ da mesma forma que vocês o fazem, talvez fosse aceitável substituir a palavra ‘Deus’ por ‘o bem’”.

Bill não encontrou nenhum inconveniente nesta substituição: “É possível que possível que para algumas pessoas esta substituição possa associada a uma diluição da mensagem de A.A. Entretanto, é preciso levar em conta que os Passos são apenas sugestões. Não se requer nenhuma crença neles, tal como estão escritos, para ser membro de A.A.

Esta liberdade colocou a pertença a A.A. à disposição de milhares de pessoas que nem sequer teriam tentado se houvéssemos insistido numa rígida aceitação dos Passos tal como foram escritos”. Ao responder ao membro que colocou em dúvida o costume de encerrar as reuniões rezando o Pai Nosso, Bill W. escreveu: “O uso e aceitação desta oração estão tão generalizados que objetar que são de origem cristão pode parecer um exagero”.

Bill esclareceu que nos primeiros tempos da Irmandade “não havia nenhuma literatura própria. De fato, nem sequer tínhamos um nome”. Assim, os Grupos dependiam muito da leitura da Bíblia para sua inspiração e orientação. É provável que as reuniões fossem encerradas com o Pai Nosso porque, disse Bill “não queriam encarregar aos oradores o trabalho, molesto para muitos, de inventar suas próprias orações”.

Na atualidade continua a prática deste costume sempre que tenha a aprovação da consciência esclarecida do Grupo que queira praticá-la. O mesmo acontece com a Oração da Serenidade. Um membro escreveu ao ESG solicitando diretrizes respeito à formação de um Grupo especial para cristãos. “Há reuniões especiais para mulheres, homossexuais,médicos, etc.”, disse, “por que não ter uma para cristãos?”. A resposta do ESG: “Não existe nenhuma razão que impeça

continuar com seus planos. Entretanto, lhe pedimos que leve em conta que nenhuma reunião especializada satisfaz os requisitos para ser um Grupo de A.A. a menos que esteja em conformidade com os seguintes seis pontos definidos pela consciência de Grupo da Irmandade nos EUA e Canadá:

  1. Todos os membros são alcoólicos, e todos os alcoólicos têm o direito de se tornar membros;
  2. O objetivo primordial de um Grupo é ajudar alcoólicos a se recuperar através dos Doze Passos;
  3. Como Grupo deverá ser autossuficiente;
  4. Como Grupo não tem outra afiliação alheia a A.A.;
  5. Como Grupo não opina sobre assuntos alheios à Irmandade, e,
  6. Como Grupo, sua política de relações públicas deve se basear na atração e não na promoção e os membros deverão manter seu anonimato diante da imprensa, a televisão, o rádio e o cinema”.

Outro membro via com maus olhos o costume de “cantar hinos” nos encontros e outros eventos de A.A., “considerando que provavelmente mais da metade dos membros de A.A. no mundo não são cristãos. Tenho feito um sincero esforço para ‘deixá-lo nas mãos se Deus’entretanto, meu poder Superior (Deus) continua insistindo para que eu faça um esforço maior para alcançar aqueles que fariam com que nossa Irmandade parecesse exclusiva”. O membro do ESG que redigiu a resposta disse que “o Escritório de Serviços Gerais não é um corpo legislativo” e sugeriu ao remetente compartir suas preocupações diretamente com os servidores que compõem os comitês organizadores dos eventos de A.A.

Destacou que em tais casos sempre é a consciência de Grupo do comitê organizador quem decide. A.A. por si própria é absolutamente não sectária. O próprio Bill expressou a posição de A.A. com transparência e simplicidade dizendo: “o que estamos operando é apenas uma escola de inocentes espirituais onde é possível encontrar a graça suficiente para continuar vivendo da melhor maneira possível.

A teologia de cada um é um assunto totalmente pessoal e cabe a cada indivíduo fazer sua busca”. Em outra ocasião disse, “A forma em que um alcoólico deva operar sua dependência de Deus não é assunto de A.A. Seja que o faça numa igreja, ou nesta ou naquela igreja, não é assunto de A.A.”. O que vocês pensam? Suas experiências compartilhadas serão bem-vindas no ESG.