A.A. e a tradição do anonimato

Olá, 

Nesta oportunidade apresentamos nossas tradições de anonimato pessoal em nível público, informando por que divulgamos nossos princípios, mas não nossas personalidades; por que evitamos controvérsias públicas e publicidade convencional, preferindo divulgar A.A. através de atração ao invés de promoção.

Quase todos nós, alcoólicos hoje sóbrios em A.A., transitamos de algum modo pelos caminhos tortuosos da luta por poder, fama e riqueza. Embora estes sejam embates comuns no mundo humano, constituem sinais certeiros de desastre quando combinados com alcoolismo. Os primeiros onze anos de história da nossa Irmandade registram todo tipo de problemas de grupos, decorrentes dessas posturas.

Ao longo daqueles anos observamos, contudo, certos princípios de convivência e de relações públicas que funcionaram bem – e seguem funcionando – em nossa organização. Desde 1946 eles foram enunciados como Doze Tradições de A.A. Nós as consideramos um conjunto de sacrifícios, pois, de diversos modos elas nos limitam na consecução das nossas finalidades como sociedade de alcoólicos em ação.

O anonimato pessoal é um desses sacrifícios. Afinal, seria simples e, por vezes, causaria grande impacto publicitário se alguns de nossos membros célebres declarassem sua filiação a A.A. Porém, tal como repetidas experiências o demonstraram, isto sempre gerou impactos indesejáveis, internos e externos. Diferenças de tratamento entre AAs comprometeram nossa unidade, essencial ao bem estar comum que é base da reabilitação individual entre nós. Além disso, recaídas de AAs renomados terminariam por abalar nossa credibilidade junto ao público, mesmo sabendo-se que elas são parte integrante da doença e não da recuperação.

A divulgação da identidade de membros provocou entre nós outras reações potencialmente perigosas para membros e grupos: disputas, inveja, ressentimentos, distorção da proposta e usos indevidos do nome de A.A., ocorrências que, graças à nossa progressiva e histórica adesão às Doze Tradições, também permaneceram no passado. Tais lições “duramente aprendidas nos têm proporcionado a boa vontade necessária, a fim de concordarmos com qualquer sacrifício pessoal para a preservação de nossa valiosa Irmandade”.

Um de nossos cofundadores assim declarou: “Naturalmente nenhum AA precisa ser anônimo para sua família, amigos ou vizinhos. Revelar sua condição a esse nível é geralmente correto e bom. Nem há qualquer perigo especial quando falamos ao grupo ou em reuniões públicas de A.A., sempre que as informações jornalísticas revelem apenas o primeiro nome.” Isto nos permite demonstrar que não sentimos mais medo ou vergonha por sermos alcoólicos e estarmos com nossos iguais em A.A., reduzindo o estigma social e resultando em maior esclarecimento. Mas, perante a imprensa, rádio, televisão, internet e outros meios “a revelação dos nomes completos e fotografias é arriscada. Esta é a principal porta de escape para a terrível força destrutiva que ainda se encontra latente em todos nós. Aqui a porta pode e deve permanecer fechada”.

O anonimato tem, ainda, enorme significação espiritual em A.A., lembrando-nos que “devemos conduzir-nos com genuína humildade. Isto para que nossas grandes bênçãos jamais nos corrompam” e possamos permanecer disponíveis enquanto formos considerados úteis.

A contínua renúncia à exaltação pessoal tem efeitos benéficos não só sobre os AAs, mas sobre nossa organização e “nossos milhões de amigos no mundo lá fora”. Os profissionais da comunicação social que tratam conosco ficam em geral impressionados com nossa insistência no anonimato pessoal, transformando-se imediatamente em sinceros amigos de A.A., presenteando-nos com publicidade qualificada, farta e entusiasta. Quanto ao público, parece muitas vezes reanimado ao conhecer nosso modo de vida simples, tranquilo e anônimo, aspectos talvez bem-vindos dentro da sempre conturbada vida social.

Pelas mesmas razões evitamos que o nome de A.A. apareça em controvérsias públicas, de modo que, onde quer que estejamos, em nossas falas como membros de A.A. não nos permitimos emitir opiniões sobre quaisquer assuntos alheios à nossa experiência pessoal, mensagem e organização. Por fim, percebemos que “Nunca há necessidade de elogiarmos a nós mesmos. Achamos melhor deixar que nossos amigos nos recomendem”.

Agradecemos por sua atenção e disposição em continuar em contato conosco.
Fraternalmente,
Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil – Comitê Trabalhando com os Outros

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