Estimados companheiros e companheiras, antes de vos escrever sobre meu entendimento e minhas experiências sobre o assunto: “Alcoolismo Doença”, não como definição pois A.A. não trata deste assunto cientificamente, o que pertence somente a medicina e aos médicos, dizendo apenas que os membros de A.A. consideram que o alcoolismo é uma doença progressiva, incurável e fatal, de origem tanto física, quanto mental e espiritual, mas que pode ser detida.
“Segundo a Sociedade de Medicina Americana, alcoolismo é uma doença primária, crônica, com fatores genéticos, psicossociais e ambientais que INFLUEM em seu desenvolvimento e suas manifestações. A doença é com frequência progressiva e fatal. Se caracteriza por uma capacidade reduzida para controlar a bebida, uma preocupação pelo uso do álcool apesar de suas consequências adversas, é uma deformação na maneira de pensar, sendo a mais notável a negação. Cada um destes sintomas pode ser contínuo ou periódico. ” (1992) Do livrete: “A.A. COMO UM RECURSOS PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE”.
Culturalmente alcoolismo é um problema de comportamento, moral, etc. e sempre é o que vem primeiro a mente do ser humano.
Cientificamente é uma doença primária, ou seja, por si só.
Sendo uma doença primária, ninguém fica alcoólico porque entra em contato com a bebida, mas porque sendo doente, ao entrar em constato com ela, fica dependente da mesma. Os sadios bebem um pouco e param, pois não se sente bem com mais bebida, os doentes alcoólicos se fixam cada vez mais na bebida.
Perdas, dor, sofrimento, depressão, etc. podem levar a qualquer um a beber algo, mas só o doente alcoólico se fixará na bebida, o não doente não continuará bebendo.
O Dr. Jurandy Barcelos Rodrigues, gaúcho, amigo de A.A., já falecido na década de 1980, dizia que ninguém bebe por que tem problemas e sim tem mais problemas do que os outros exatamente porque bebe.
Os problemas diversos são fatores desencadeadores do alcoolismo porque colocam o doente alcoólico em contato com a bebida alcoólica, esses mesmos problemas também colocam os não doentes alcoólicos em contato com a bebida alcoólica, sem, no entanto, os tornarem alcoólico em nenhum momento.
Alguém que se torna alcoólico porque bebe, é por que já era alcoólico, apenas o contato com a bebida manifestou a doença que já estava instalada em seu organismo (a doença primária).
Os defeitos de caráter não são privilégio de alcoólicos, mas a bebida aumenta seus efeitos no alcoólico, geram mais sofrimento ao mesmo, porque este bebendo libera a censura e expressa esses defeitos com mais intensidade e descontrole, gerando grandes problemas aos seus familiares e a sociedade e a si mesmo.
A raiva, que repetida leva ao ódio, a agressividade, a inveja que quer destruir o outro, pois a inveja que visa atingir somente o grau de sucesso do outro é positiva; a reserva, o ressentimento e outras manifestações dos instintos fazem parte da vida, e equilibradamente até são necessários para sobrevivência do ser humano. A.A. com seu programa dos Doze Passos, Doze Tradições e Doze Conceitos, pois todas essas atividades fazem parte da recuperação, a cada seguinte legado agrega ao anterior um novo exercício de nossa recuperação. A.A. nos sugere, oferece e permite processos para controlar esses instintos e trazê-los ao equilíbrio. Um ponto necessário a atingir, é nos proporcionar a concepção pessoal de um Poder Superior, onde o nível de consciência de cada um vai dar um toque diferenciado da compreensão da Divindade, entrando ai, a cultura e as experiências pessoais, no tempo e no espaço, gerando bem-estar ao indivíduo pelo resultado da experiência pessoal que leva a fé genuína, pois a experiência pessoal é irrefutável, o que não acontece com a experiência de segunda mão, que é a que nos é transmitida de pai para filho, milenarmente.
A.A. nos diz também que fazemos parte de um grande todo, o Grande Todo é tudo, é Energia, a Divindade.. Nossas almas, portanto, são partes da Grande Alma Universal Divina. Tudo que fizermos aos outros o faremos a nós mesmos, e o que fazemos a nós mesmos o fazemos aos outros, isto nos faz compreender a importância do total respeito aos outros, pois estes outros e o próprio Deus serão atingidos pelos nossos pensamentos e atos, pois somos um só com todos e com tudo. Fica assim a partir dessa profunda compreensão, mais fácil, não ofender, não tratar com sarcasmo direto ou velado ou ter reservas aos outros, que são parte de Deus e de nós mesmos. Isto prezados irmãos e irmãs de doença não é religião é espiritualidade, da qual tanto tratou, Carl Jung.
Procurando deixar a superfície dos ensinamentos de A.A. para penetrarmos em sua profundidade, o que é uma escolha pessoal espiritual, nos levará muito mais profundamente em seus ensinamentos para usufruirmos da verdadeira felicidade e paz, que poderemos explorar de sua vasta e sábia literatura, e que muitos de nós preferimos deixar de lado essa riqueza de sabedoria, para exploramos coisas que nada tem a ver com o que precisamos para atingirmos a verdadeira e genuína sobriedade, que gera a explicação do porquê da vida, e nos mostra a sua leveza e beleza.
Como disse o prezado companheiro Isaias do Rio de Janeiro, fiquemos como que é nosso, de A.A., que nos une, o que é de fora nos divide e prejudica a nossa Unidade. A medicina é para os médicos, a religião é para os clérigos. A.A. se utilizou dos princípios da medicina e religiosos, mas não se utiliza da medicina e da religião.
Como sempre, escrevo para mim mesmo diante de vocês, para pela repetição consolidar minhas experiências e alterações comportamentais, solidificando assim meu entendimento, bem-estar, sobriedade e paz.
magno – área 7 – RS